Um show para lembrar. Miúcha entremeia as músicas do Vinicius, Tom e Chico com toques sobre a convivência com os três, numa atmosfera envolvente, que absorve o ânimo, entre risadas (as bebedeiras em Ipanema e histórias mirabolantes da turma- como o Tom Jobim tentando, sem sucesso, falar francês, e o Vinícius olhando pra ele com olhar complacente, sem dar muita bola) e um tom melancólico de nostalgia e romantismo. Começa com Samba do Avião, percorre trechos de João e Maria,cumpre o programa do show, mas surpreende. Pede coro com Eu Sei que Vou te Amar, no finalzinho, faz que vai embora, mas volta pra cantar um pouquinho mais.Faz gracinhas cantando com o pianista Quando a Luz dos Olhos Meus e a Luz dos Olhos Teus...Interrompe para bater papo, e continua cantando. Fala da sua recente proposta de Canonização do "Santo Vinícius de Moraes", que iniciou no Chile, com ofício pra mandar ao Vaticano, entre risadas com a platéia. A gente fica pairando num instante longo, entre a voz e as memórias.As dela e as nossas.E mais: se sente tudo o que se possa imaginar, quando contado por quem viveu as cenas,as figuras, os tons. Num vai-e-vem crescente, entre cantoria e conversa, se escuta as preciosidades de quem teve Vinícius,Tom e Chico em mesa de bar. Conta da viagem da turma pela turnê na Europa, nos anos 70,e as peripécias (bem ridas) daqueles tempos. Faz arrepiar a riqueza de histórias e sensações que ela tem pra contar, e pra cantar. Com o cenário pequeno, e um pianista que alinhava a atmosfera, a voz da Miúcha captura a atenção, fazendo com que se fique ali de todo, entrando em cenários contados por ela, entre uma música e outra. Um tom de melancolia, isso sim, mas uma melancolia boa. Fala do Chico, seu irmão, e de histórias entre ele e o Tom, ele e o Vinícius, ele e ela, a própria Miúcha, e diz que o Vinícius reclamou da letra de Maninha, dizendo que a casa descrita na música "nem jaqueira não tinha", que era tudo mentira...Com a intimidade de quem pode falar essas coisas. As preciosidades contadas dão mesmo o tom das mesas de bar daquele Rio, dos bate-papos, dos pileques bem tomados... Histórias de vidas bem vividas, de que chegamos a sentir o gostinho pela voz risonha desta noite.
Betina
15/06/06.
Thursday, June 15, 2006
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