Do Portão de Madeira do Relais dell´Ussero
Esta é uma estória de engrenagens. Personagens. Letras escondidas.
Não escritas. A fechadura, fechada. Parece. Narrativas esquivas, do lado de lá. Em outra caneta. Uma engrenagem de ferro abre um velho portão pra fora. E pra dentro. E então tem-se um conto. Pronto.
Da fechadura, basta girar a chave.
Portão de madeira pesado, é a primeira impressão. Maciço. Silencioso, isto sim. Ilustre senhor da calçada.
Do tamanho do tempo. Pode-se não abri-lo, encerra-se o conto. Abrindo, faz-se trabalhar a engrenagem, enguiçada pelas estórias não contadas. Tantas.
Dia por dia, abre-se e fecha-se. Cenários de dentro e de fora. Enredos passantes, e ele ali. Fico certa de que me sabia, espiava meu olhar curioso. Em cada detalhe de seu abrir. Estórias. Como uma caneta, que tudo guarda. Silenciosa, ilustre, contendo suas letras. Ali a engrenagem.
Abre-se o portão na folha pautada.
Betina Mariante Cardoso

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