Friday, December 07, 2007

Durmo sem saber se chove amanhã. Sem saber nada de amanhã. Se o sol aparece à tarde, pra confortar minha sombra. Nada. Durmo assim, em silêncio, pra acordar. E se virão pingos ou raios de luz ou de tempestade ou céu carregado de mormaço ou azul. Durmo assim. Na incessante incógnita da próxima janela. E se é caso de ventar, que vente: acordo com o som de sua passagem, com sua insanidade. Inconstância do vento. Inconstância de mim. Dormir com céu estrelado e acordar com barulho de chuva é coisa de intempérie, mesmo. Eu. Mas não sei se tem quem cuide se amanhã muda o tempo, fico achando que só eu presto atenção nessas sandices. Me finjo quieta como o silêncio do céu escuro, por dentro chovo a cântaros, sinto o friozinho da água escorregando em mim, sem descanso. E água dói. Fecho e abro os olhos, e mudou o dia. Esqueço quem sou na chuva, quando tem sol; quem sou no sol, quando tem chuva. Mas que graça tem isso de saber? O clima muda, mesmo...Acordo amanhã, e nova surpresa.
Betina Mariante Cardoso
Dez/2007

1 comment:

Eduardo Sabbi said...

Eu acho curioso quando o homm do tempo, na Tv ou rádio, avisa que a previsão é de "tempo bom". Eu gosto da chuva, do vento que traz o cheiro da relva úmida, do barulhinho dela caindo, da temperatura amena. Mas o homem falou de tempo bom e com isso quiz dizer que por aí vem sol e calor ... :(